Do Amor à Iluminação, a história por detrás da Serip

Entrevista a Ilda Pires

Toda a gente tem uma história e todas as histórias têm algo em comum - todas começam do nada.
Na história da Serip, talvez as coisas tenham sido um pouco diferentes. O sonho pode ter começado do zero, mas nasceu de um grande amor que uniu duas pessoas, o Sr. e a Sra. Pires...

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Qual é a história por detrás das origens da Serip?

A Serip nem sempre foi conhecida como Serip. Inicialmente, no início dos anos 60, era apenas uma pequena oficina familiar dedicada à produção de candeeiros tradicionais. O motor da Serip foi sempre a família. Deixem-me começar do zero e contar-vos uma história, uma das minhas favoritas... Bem, devo dizer: era uma vez? Era uma vez o meu pai, o Sr. Pires, que numa tarde quente de verão, ao sair do seu trabalho na Avenida Almirante Reis, avistou uma bela mulher que lhe chamou imediatamente à atenção. Essa mulher, de nome Helena, era costureira e morava na mesma avenida onde o meu pai trabalhava como torneiro numa fábrica de candeeiros. Naqueles tempos, conhecer uma mulher não era tão simples como hoje. No entanto, o meu pai era paciente. Todos os dias, trocava olhares com a minha mãe, que sabia de cor o seu horário e o esperava ansiosamente à janela. O tempo foi um sábio conselheiro e amigo do meu pai, e o destino encarregou-se de juntar o Sr. e (agora sim, podemos dizer) a Sra. Pires. Deste amor, juntamente comigo e com os meus irmãos, Ana e Mário Rui, nasceu um sonho: A Serip.

Uau, que história inspiradora.... Então, com o esforço e dedicação de ambos, a empresa começou a crescer. Como foi esse crescimento? Houve algum obstáculo pelo caminho?

O crescimento da Serip foi gradual. Com a expansão, a empresa começou a recrutar funcionários, vendedores e, consequentemente, a inovar. A década de 1980 foi marcada pelos lustres enfeitados com cristais da Atlantis, que tiveram imenso sucesso. No entanto, na década de 90, a empresa sofreu com a crise na indústria vidreira, que levou ao encerramento de alguns fornecedores, criando obstáculos na obtenção da matéria-prima essencial, o vidro. Dizem que mar calmo nunca fez bom marinheiro, certo? A resiliência sempre foi o lema da minha família. Cada dificuldade era vista como um desafio e uma oportunidade. Foi então que investimos em novos materiais, dando início à Era do Alabastro. A utilização deste novo material nas peças da Serip abriu-nos portas para o mundo, levando-nos a marcar presença em feiras internacionais como Paris e Valência e, consequentemente, à exportação dos nossos produtos.

“Eu gostava de provocar, gostava que as pessoas tivessem a sensação de não saberem se gostavam ou não quando viam as peças. Quando isso acontece é porque está a mexer com a mentalidade das pessoas, é qualquer coisa de novo que as pessoas ainda não viram e estão a assimilar, aprende-se a gostar.” disse Ilda Pires

Qual foi o impacto da internacionalização na Serip?

O início da internacionalização foi uma ponte para a inovação que me impulsionou a quebrar todos os padrões e a começar a criar e a lançar tendências. A natureza sempre foi a minha grande inspiração... e nessa altura, por volta dos anos 2000, tive finalmente a coragem de começar a desenhar e a produzir novas coleções todas inspiradas na natureza e que suscitaram tanta curiosidade e controvérsia! A tipologia orgânica e a grandiosidade das peças intrigavam as pessoas, que só com o tempo aprenderam a apreciar e a compreender este conceito fora da caixa. Sempre gostei de desafiar a mentalidade das pessoas, de lhes mostrar algo disruptivo e de observar a sua evolução e assimilação. Como eu costumava dizer: "Nós aprendemos a gostar!" (risos).

E aprenderam? Foi nessa altura que a Serip deu o seu passo mais significativo?

Sem dúvida que esta coragem de ousar marcou a transição da empresa para a segunda geração, a minha e a dos meus irmãos, e foi sem dúvida um ponto de viragem na história da Serip. Os mais irreverentes entenderam e apaixonaram-se pelo conceito, tornando-se clientes, seguidores e amantes da marca, impulsionando a marca a desenvolver novas coleções, mais evoluídas quer tecnicamente quer em termos de design. Foram criados novos acabamentos de superfície para as cores dos metais e disponibilizadas várias cores de vidro, abrindo a possibilidade de personalizar e customizar as peças. A adaptabilidade e versatilidade dos candeeiros permitiu-nos dar um passo em frente e entrar em novos mercados, abraçando novas culturas e tradições.

Essa adaptabilidade e versatilidade ajudaram a Serip a abrir novas portas?

Permitiu-nos dar um passo em frente e entrar em novos mercados, abraçando novas culturas e tradições. Os nossos designs irreverentes inspirados na natureza, feitos à medida e personalizáveis, com uma variedade de acabamentos metálicos e cores de vidro, com um processo de produção totalmente artesanal, um espírito de empresa familiar cheio de história, valores baseados na perseverança e resiliência, estudos de tendências de mercado e uma aposta em feiras nas cidades certas e na altura certa, deram-nos a oportunidade de posicionar a Serip em vários cantos do mundo.

E como pode descrever a marca nos dias de hoje? Em que fase se encontra atualmente a Serip?

Mais de 60 anos depois, a Serip floresceu, expandiu-se e conta hoje com mais de 70 funcionários, mais de 50 revendedores e participação em inúmeros projetos de decoração por todo o mundo. Atualmente, a Serip está a embarcar numa viagem emocionante ao fazer a transição para a sua terceira geração, abraçando o futuro com um passo significativo. Neste momento de renovação, a Serip passa por um rebranding completo, renovando a sua identidade e adotando uma nova imagem que reflete a sua evolução e visão contemporânea, sempre inspirada na Natureza. Esta transformação é um testemunho da resiliência e do espírito criativo da marca. Tal como a própria Natureza, queremos mostrar que a Serip é um ser cíclico que tem a capacidade de morrer e renascer várias vezes ao longo da vida, aproveitando cada fim como uma chance para uma nova oportunidade. Porque, tal como cada virar de página, cada sopro é um recomeço!

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