Nada é igual, e ainda assim tudo pertence — Serip na Euroluce, Milano 2025

E então, como se o próprio mundo tivesse pausado, sustendo a respiração em antecipação, o extraordinário foi-se revelando lentamente, na Euroluce, Salone del Mobile, Milano 2025.

Um silêncio persiste, muito depois de se perder o eco do último passo. Daqueles que se agarram às margens da memória. Daqueles que se instalam na alma e ali permanecem.
Tudo começou com uma sensação. Uma corrente discreta a agitar-se, logo abaixo da superfície.
A natureza aproximou-se. A emoção aguçou-se. O tempo curvou-se. A terra moveu-se sob pés descalços.
À medida que as coleções se revelavam, iniciava-se um diálogo, não dito mas profundamente sentido, transportado nos olhares, nas pausas, na forma como os olhos percorriam as paredes, na maneira como os corpos abrandavam, sem saber porquê.

O que começou com um simples piscar, tornou-se algo vivo.
A flor desabrochou, selvagem e sem demora. Uma corrente moveu-se, invisível porém inegável, puxando para dentro, mais fundo, e o desconhecido tornou-se guia.
As emoções subiam e desciam como marés. Os olhares cruzaram-se entre a melodia da natureza. Formas selvagens brotaram da terra, e a magia pulsava sob a pele. Um leve cruzar de olhares. Uma pausa demasiado longa. Um sorriso que respondia a uma pergunta silenciosa. Corações agitaram-se, a oscilar entre a fragilidade e a força. Sinergias ganharam vida. As conexões tornaram-se inegáveis, e a energia moveu-se, entrelaçando almas.

Este ano, três vozes distintas ganharam vida. Cada uma com o seu próprio ritmo e espírito, moldadas por sensibilidades distintas, texturas ricas e histórias por contar.
A Coleção Blossom surgiu primeiro, radiante e indomável. Começou em silêncio, escondida nas profundezas da terra, uma promessa discreta à espera de ser revelada. À medida que a primavera suavizava o céu e a alvorada pintava o espaço em tons de flor de cerejeira, o gladíolo emergiu, resplandecendo discretamente.
Pétalas tingidas de fogo ergueram-se com ousadia e graça, iluminando o horizonte. A Coleção Blossom revelou uma verdade: que a força pode vestir o rosto da beleza, e que a suavidade pode conter um poder imenso. Um desabrochar tão feroz quão delicado, a dançar entre a fragilidade e o fogo.

À medida que a Coleção Blossom se desvanecia, o caminho mudou suavemente. O ar começou a mover-se de forma diferente, passando por entre cortinas altas que ondulavam com um ritmo próprio. Atravessar esse espaço foi como entrar numa pausa silenciosa. Dentro desse silêncio, as peças da Coleção Aria fluíam como notas, cada uma distinta, mas parte de uma melodia maior, sem palavras. O conjunto refletia o equilíbrio entre força e delicadeza, os contrastes que tornam uma ária tão cativante. Transformando-se e abraçando a fluidez, movia-se como o vento pela floresta, como o suspiro entre batimentos do coração, entrelaçado num todo harmonioso. A Coleção Aria pede emprestado as vozes dos rios e das folhas a sussurrar, do trovão ao longe e dos pássaros em voo, e tece-as numa canção sem letra.

A Coleção Quartzo permaneceu como uma força imutável, silenciosa mas imensa, a chamar a atenção com a sua presença. Entre espelhos, a coleção estendeu-se infinitamente, como o eco de uma memória que ultrapassa o próprio tempo. Construído pelos ritmos pacientes da terra, formado sob glaciares, beijado pelos oceanos e iluminado pela primeira luz do sol, a Coleção Quartzo guarda memória no seu núcleo cristalino. Cada ondulação, cada fratura, é uma história, de montanhas a erguerem-se e rios a esculpirem o seu caminho entre as pedras. Há peso no seu silêncio, beleza na sua quietude. Uma força enraizada que escuta mais do que fala, mas diz tudo com a sua presença.

Blossom. Aria. Quartzo.
Três forças. Três sensações. Falaram em línguas diferentes, e ainda assim, todas tiraram o seu fôlego do mesmo lugar: a Mãe Natureza. A raiz de tudo. A nossa musa. A nossa linguagem. A inspiração por detrás de cada forma.
Ela é ousada. Ela é selvagem. Ela vive em cada detalhe, desde o delicado desafio das pétalas a alcançar o céu, às vozes e melodias emprestadas pelo o vento e pela água, até ao batimento do coração do próprio planeta: constante, antigo, vivo.
Foi na sua sabedoria que aprendemos a ver o contraste como harmonia, a abraçar a imperfeição como uma forma de beleza, uma beleza que encontra união na diferença, uma beleza que ousa ser ousada.
E é aí que a Serip encontra a sua essência: onde nada é igual, e ainda assim tudo pertence.

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